E por falar em saudade…

PAULO AFONSO – “Antônio vinha do Hospital Nair Alves de Souza onde fora atendido primeiro, e já estava na clínica Santa Mônica, ao lado da mulher e dos filhos e nós, ali por perto, ele ainda falava alguma coisa, mas depois se calou. Já se providenciava sua remoção, quando sua mulher o pôs na linha com Luiz de Deus, Antônio não disse palavra, chorou”, esse depoimento eu colhi no velório de um dos maiores políticos de Paulo Afonso, de um vereador que vou manter em anonimato.

Há dois anos, nós que fazemos parte desse mundo particular, cheio de problemas, confusão, histeria, brigas,  caridade, filantropia e uma dezena de substantivos que é a política [e me permita introduzir-me nisto], estávamos apenas reduzidos ao que de fato somos, ao medo e à incapacidade com a resposta derradeira da vida que é a morte.

Quem me comunicou a morte de Antônio Alexandre em 14 de dezembro de 2017,  foi a vereadora Leda, e não estávamos, eu e ele, nos nossos melhores dias. Eu defendia a chegada da Atlântico para o transporte público e ele não.

O tempo se encarregou de mostrar que eu tinha razão, se me permitem mais uma vez.

Só que eu o respeitava, não era temor, eu vi como ele migrou de um lado a outro, como conseguiu renovar o mandato, e como os colegas também lhe tinham respeito ainda que, como é comum na política, discordassem dele. E até falecem mal.

Antônio me escolheu para ser a repórter a dar em primeira-mão “Anuncie que eu rompi com o governo”, e nós entramos ao vivo em quase meia hora de conversa no Programa Radar, na Rádio Delmiro, com Ozildo, ainda nas manchantes.

Depois desse dia, nada foi como antes. Chegou a eleição, Paulo de Deus saiu candidato contra Luiz e eu pude acompanhar esquadrinhadamente como funciona a estrutura do poder. Aqui não faço juízo de valor, é apenas um relato.

Por isso em dois anos de sua morte, e antecedendo mais um pleito, deixo aqui aos familiares e amigos do ex-político meus sentimentos, meus pêsames. E sobretudo meu respeito e gratidão.