“Falta sapiência e experiência, mas tem um bom vice”, diz Pamplona sobre Mário Galinho

PAULO AFONSO – Versa muito mal explicadas de ambos os lados, as duas versões sobre a debandada de parte da equipe que levava a campanha do ex-prefeito Raimundo Caires (Progressistas) em 2016 para juntar-se às pressas ao candidato Paulo de Deus, então pelo MDB.

A imagem lembra o famoso abandono da embarcação antes de  vê-la afundada. Entre os náufragos, reluz para a vida pública, o desconhecido Mário Galinho (Solidariedade).

Que se diga com franqueza: os 525 votos que o jovem obteve não saíram dele, mas do ex-aliado.

Resulta dessa dissidência mal explicada, em parte, mas também do seu próprio temperamento, certa desconfiança que impossibilitou a chegada de empresários para supri-lo do mal necessário. Particularmente, vejo como um empresariado acanhado, que gosta de receber tudo mastigadinho e que está dando de ombros para a renovação política que, não pode, infelizmente, prescindir de recursos.

“Eu teria tudo para ajudá-lo, mas não confio nele”, me disse em reservado um empresário, quando abordei o tema.

Epidauro Pamplona, operador de direito e freelance de comunicação, gosta de ser denominado assim, segue avaliando os pré-candidatos a prefeito deste pleito.

Fez boas considerações a Mário. Mas antes, observou uma característica da própria população que acaba sendo outro empecilho a ser superado para quem tenta disputar uma eleição sem o famoso vil metal: “Nós não temos ainda um povo.”

Somos massa e não povo

“Paulo Afonso é uma cidade que foi feita às pressas, a toque de caixa, pode-se dizer. Trouxe muita gente de vários estados, então formamos aqui uma massa, povo é outra coisa. Quando se fala em população abrange-se tudo: indígenas, estrangeiros, comunidades quilombolas etc; povo é diferente, é aquela comunidade formada com consciência e objetivos, a médio e longo prazo. Mas aqui somos massa, o exemplo clássico era aquela saída dos trabalhadores da Chesf, saia todo mundo para suas casas, então ela [a massa] se movimenta, mas sem unidade, aleatoriamente. Veja que o ex-vereador Antônio Alexandre organizou aquele protesto contra a Embasa e ficou sozinho, sequer seus colegas de parlamentos [boa parte] acompanharam. Mal comparando, veja o exemplo de Delmiro Gouveia: se há passeata vai todo mundo, lá foi a primeira cidade do Nordeste a ter parada gay, um aspecto importante, e aqui?, isso vai acontecer? Paulo Afonso não tem povo ainda, poderá ter, considerando que é muito nova.”

Mário Galinho

“Para se governar uma cidade assim é preciso sapiência e experiência. Ele se desgastou muito quando chamou o ex-prefeito [Anilton Bastos] de bandido e outros adjetivos pejorativos que eu não quero nem falar aqui. Ali ele usou a imunidade material que ele tem como vereador na tribuna, pois se tivesse dito até nos corredores da Câmara seria passível de processo. Eu o vejo com um vice muito bom, doutor Luiz Neto é um cidadão ilibado, tem vários anos aqui dentro de Paulo Afonso e foi considerado também como um advogado dos pobres, ajudando aos segurados do INSS, ele fez e até hoje faz. Luiz Neto é um dos poucos advogados que se serve de uma função social nesse sentido até de propagar esses acontecimentos de interesse público, portanto, ele tem um grande vice-prefeito. Mas galinho peca nisso, é como se fosse Jair Bolsonaro agindo com rompantes, e não é por aí. Onde estão as ideias e projetos?, até agora só o vejo de críticas a Luiz de Deus (PSD) e um político não pode viver só disso. Eu falo aqui em hipóteses, até embasado no pensador Immanuel Kant.”

Pamplona reconheceu também méritos nas críticas de Mário. “É um jovem, diga-se de passagem que trabalhou muito, ele levou a bandeira de oposição e de resultados, inclusive mostrando falhas, nesse ponto ele foi um grande colaborador do governo.”