PAULO AFONSO – Terminado o malfadado período junino, com a sofrência de Amado Batista no BTN, encerra-se também um ciclo importante da gestão de Luiz de Deus (PSD), que culminará no recolhimento dos cacos para se equilibrar e tentar chegar à disputa municipal com reais chances de se manter no poder – único propósito que move a oligarquia local.
Luiz de Deus, dado o que vemos, não tem muita ambição. Não quer fechar seu itinerário político “com chave de ouro”, para lembrar o comentarista, do contrário, não se cercaria de secretários – em boa parcela-, de tamanha mediocridade. Contudo, mostrou-se extremamente rancoroso. Vamos ao comentarista, sempre na condição de anonimato.
“Nós tínhamos [ele e Anilton Bastos] consciência da dificuldade que seria aquela eleição. Sabíamos que as chances de perder eram reais. Foi uma luta monstruosa. Nenhuma dessas pessoas (nomeadas posteriormente por Luiz para assumirem espaços estratégicos na prefeitura) apareceu. Qual surpresa não foi, quando ainda em 2016, nós já estávamos fora.”
Aqui convém lembrar: em 2014, quando o ex-prefeito Anilton liberou parcelas importantes de seu aparato político para apoiar o então candidato a deputado estadual Paulo Rangel (PT), e as demissões que levaram Luiz de Deus à RBN para um desabafo inédito, eram, na verdade, o começo do fim. Some-se ainda, neste parágrafo, a reorganização do MDB, montada por Geraldo Carvalho, para, diante da crise já instaurada, lançar Paulo de Deus – aqui esperava-se ao lado do irmão mais velho-, à prefeitura, limando totalmente Anilton.
Luiz abriu e disfarçou as mágoas, para então disputar contra o irmão. Venceu. Foi uma estratégia perfeita, não fosse sua gestão pífia.
Ao fim e ao cabo, passados aí dois anos e meio, ninguém, os mais convertidos que o digam, sabe informar para onde Luiz de Deus está conduzindo o município?, para ficar nas palavras de Jean Roubert (PTB), quando este ainda falava.
Não há um mísero projeto em prática que tenha no horizonte o desenvolvimento de setores tidos como fundamentais para gerar empregos, aqui se pode dizer o turismo, a agricultura e o comércio. Os quarenta projetos de Regivaldo Coriolano [Turismo, Indústria e Comércio] estão nas nuvens.
A prefeitura tem muita gente, os salários sofreram reajustes importantes, a receita caiu, e se mantém o básico.
O desanimo é generalizado. A depressão do comércio tangível, sobrando na visão míope de quem assessora o prefeito extrema soberba.
“Eles não se convencem que assim não vão em bom caminho. Vejam que foram solicitar a experiência do vice-prefeito Flávio Henrique, para recuperar a receita, quando não havia mais alternativa”, completou a fonte que acrescentou: “A gente só assiste a tudo esperando o tempo passar, e tentando preparar o terreno para mudar o cenário, com Anilton ainda, ano que vem.”
Aqui cumpre observar: Anilton de novo?, com quais argumentos?, com quais propostas?, se Luiz é apenas, no mais animador dos casos, uma continuidade dele.
O fato é que, para ambos, Anilton e Luiz, há a vantagem de não terem a esta altura uma oposição que se reconhece como tal. Ninguém sabe qual camisa vestirá o PP, se Raimundo Caires apoiará alguém; se o PSL vai mesmo tentar, e ficando Mário Galinho (SD) isolado. Assim, convenha-se, não dá.