PAULO AFONSO – Em quatro dias que se seguiram à sessão ordinária de segunda-feira 25, ainda no clima de “Parlamento Chapa Branca” a Câmara Municipal já apresentou nesta sexta-feira, 1ª de março – antes de um pequeno recesso de carnaval- a sua versão 2019, a saber: totalmente governista.
Esqueçam a quimera cravada em sua parede de que “Todo poder emana do povo e em seu nome será exercido”, o poder emana do chefe do Executivo de ocasião, se for Luiz de Deus (PSD), ok, se for outro, ok também.
Só para ficar num exemplo, se bem que teríamos mil: que independência tem um Poder, no caso o Legislativo, que “convoca” um secretário a dar esclarecimentos sobre contratos celebrados em sua pasta e este simplesmente ignora?, e vale dizer: não sofre quaisquer consequências?
Líderes das bancadas. Tudo certo como dois e dois são cinco.
O secretário de Cultura e Esportes, Jânio Soares nunca se deu ao trabalho de prestar esclarecimentos sobre contratos celebrados na Copa Vela de 2017, a convocação aprovada por unanimidade foi jogada no lixo.
No episódio das ditas “empresas laranjas” que supostamente ganharam licitações da prefeitura no ano passado, o vereador Mário Galinho (SD) chegou a dizer que “bom mesmo é quem é repórter, pois tem acesso à documentos que eu como vereador não tenho através dos requerimentos que envio. ”
Logo, se a Câmara representa um poder autônomo na teoria, na prática, continua com a função imortalizada pelo ex-vereador Antônio Alexandre de “secretaria do prefeito”.
Há dois nomes na Casa que destoam dessa rotina cordial, por assim dizer, do Legislativo para com o Executivo, e aqui o “cordial” é empregado no mal sentido: Galinho e Jean Roubert (PTB) – este mais comedido hoje. Contudo, a voz dos dois interlocutores do povo tende a sofrer baixas.
Na sessão de hoje, por exemplo, os vereadores não tiveram garantidos o uso da tribuna para fazerem as observações que tinham apurado ao longo da semana. O líder do governo, Bero do Jardim Bahia (PT) sugeriu a supressão do Grande Expediente e colocada em votação, o líder da “oposição”, José Carlos Coelho (PRB) votou a favor. Só Jean e Galinho ficaram de pé.
Não é uma rasteira apenas nos colegas que têm o direito à fala suspenso, esse tipo de atitude, comezinha, apequena ainda mais o Legislativo que já anda em baixa com a população ausente da galeria. Tudo está de vidro, mas sem o cheiro do povo.
Foto de Capa: Niejda Torquato.