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Paulo Afonso-BA, 21 de novembro de 2024

Passada a euforia das marchas, vem a dura realidade: vereadores falidos, sob pressão de lideranças e incertos sobre o novo governo

PAULO AFONSO- É de Nelson Rodrigues, mestre em frases lapidares, a máxima: toda unanimidade é burra. Contudo, passada a euforia das urnas, elas deixaram marcas profundas e, talvez, incuráveis – a depender do agiota. Como eu ia dizendo, há uma unanimidade sobre o recado das urnas: ganhar para vereador em Paulo Afonso é ação de altíssimo risco e, no limite, loucura.

Ou você empenha a mãe no agiota; ou perde a dignidade atrás do prefeito de turno [ou candidato a]; se humilha, torra o escasso patrimônio- quando tem, e quando não tem o de um parente idiota – alguns inclusive, se for o caso, roubam a mulher do próximo. Aconteceu neste pleito. Tudo, absolutamente tudo, para comprar o voto do eleitor, a cada dia mais vendido.

A compra se dá, muito por escambo. Sacos de cimento, caixas d’água, exames, óculos, cestas básicas. Porém, o ritmo desta eleição, foi a notinha de cem paus acompanhando o bom e velho santinho. “A gente ficava parado no carro, só olhando o movimento, e vinha gente perguntando se tinha dinheiro”, relatou a esta jornalista um observador da eleição, que trabalhou nos bastidores.

Isso posto, vem a vitória. Mas sequer o vereador (a) tem o direito de comemorar. É preciso analisar a realidade dos fatos, e estes, são cruéis. Àqueles eleitos do lado governista – que souberam se manter distantes do governo nas cordas, amanheceram o dia com o pires na mão. Se elegeram muito bem, mas agora é adorar o Galo (PSD) cuja fila já está enorme.

Os que triunfaram ao lado do prefeito eleito, sofrem com a falta de afeto e o calor das caminhadas de outrora (que foi ontem, mas parece que faz tanto tempo…), pois o prefeito eleito está fechado em copas. “Falar com Galinho à sós hoje é o mesmo que ganhar na loteria. Tem sempre um, dois, três etc. etc.”, disse-me um vereador, sob reserva, abatido.

“Já tem vereador ensaiando o bloco de oposição”, comentou outro, dessa vez, na Câmara, referindo-se aos endividados.

Eis que feitas as contas, para muitos deles, ou desafoga o gabinete ou serão 4 anos de depressão. “A política hoje está impraticável. Ter ideias, contribuir com a sociedade não significou nada”, avaliou outra fonte.

Óbvio que há sempre a exceção que confirma a regra, mas, mesmo entre esses que conseguiram o mandato sem endividamento, restam as mãos atadas, numa dependência canina do novo governo.

Se há algum consolo. Pior ainda é quem fez tudo isso, e não ganhou.

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