PAULO AFONSO– Quando Flávio Henrique na condição de presidente do MDB – legenda coligada ao Progressistas e casa do candidato a vice-prefeito Anilton Bastos – discursou ontem na convenção chamando a oposição para a briga, já havia apagado da memória o “consórcio familiar” mantra com o qual, em 2020, tratava o pessoal de Luiz de Deus.
Foi preciso perder a eleição e ter que reconstruir o grupo com a sorte de o PT ter permanecido no poder no estado, para que todos ali entendessem: somos uma única carne.
Não tem esse negócio de consórcio familiar, tem a regra do jogo paternalista que diz: primeiro os meus, depois, os seus. E sempre foi essa a tônica do prefeito licenciado, tanto que, em meio ao apelo para renovação, a primeira-dama dona Didi mandou o recado: “Ouça seu chefe”, referindo-se a Marcondes (Progressistas).
Anilton, vendo do alto os rostos conhecidos de uma vida toda, seus auxiliares mais próximos, de novo, empoderados no governo, por meio do seu sacrifício pessoal de ter que lidar com a tranqueira que tem sido levar essa gestão cheia de travas, de idas e voltas para azeitar a situação da candidata a vereadora Ana Clara (MDB), mirou a mulher no palco ao lado, em meio a dezenas de outros candidatos e disse: “Eu te amo Clara!”, em tradução livre: “Vou às últimas consequências para te eleger.”
O recado, apesar de cifrado ficou claro. Também é preciso reconhecer que o ex-prefeito tinha no palco carisma para emprestar a todo mundo, mas, aparentemente satisfeito, não se vendeu além da conta, deixou o espaço adequado para que Marcondes pudesse elencar as obras que tem feito e assim dar a largada para a disputa mais difícil da história em Paulo Afonso. E reforço: difícil para o governo.