PAULO AFONSO- O predomínio do grupo do prefeito licenciado Luiz de Deus, durou três longuíssimas décadas. Agora, com um governo tampão tropeçando de algaroba em algaroba, pode-se imaginar que o saldo político desse período não deixou o que se aproveite.
É um juízo errado. Não é possível desprezar os governos de Anilton (MDB) e Paulo de Deus. A questão é outra: o modelo arcaico do emprego na prefeitura e de um comércio impulsionado com a renda vinda do trecho, nos bons tempos de crescimento do país, dia muito se mostraram insuficientes para uma cidade que conta hoje com quase 120 mil habitantes.

Esse é o ponto crucial para que se entenda a rejeição da maioria da população aos políticos ou sistema político cujos resquícios forma uma das pontas da polarização cristalizada nesta eleição.
A outra ponta, na qual está o pré-candidato a prefeito Mário Galinho (PSD), surgiu em meio a este desgaste com frutíferos 525 votos, na eleição municipal de 2016 – que lhe rendeu uma vaga na Câmara, para, 8.618 dois anos depois, com muito barulho e vídeos ruidosos, se transformar em fenômeno eleitoral em 2018 com seus para deputado estadual.
Mário saia da rabeta da última eleição e atingiu o 2º lugar com 15, 9% dos votos válidos. Desde então cresceu em capilaridade de forma assombrosamente silenciosa, enquanto Anilton e Luiz se digladiavam na campanha de 2020.

As urnas mostraram que havia um motor na campanha sem ronco que carregava o anseio da maioria dos eleitores, há muito tempo sem representatividade. O gás só arrefeceu na parte mais dispersa do município por falta de tempo. Tivesse mais dias, a área rural teria endossado o veredicto urbano: não dá mais Luiz de Deus. Seu tempo passou.
Galinho obteve 22.210 votos o que correspondeu a 38,27%, vale dizer: com surras memoráveis em redutos dos Deus. Aconteceu, enfim, a transição política por vontade da população que dura quatro anos, que tem dia e hora para acabar e com cujo governo não sabe como travar.
Político jovem, Mário vem escalonando o poder e digerindo situações extremas, dialogando, revendo acordos, ouvindo, ponderando, no entanto, sem perder degrau, em ascensão contínua.
Líder carismático de apelo infantil até, é Galinho, da criança, do jovem e adulto. Fruto da erosão de um modelo político ultrapassado, findando, mas que felizmente possibilitou que brotasse de forma espontânea e firme a alternância na presença de um jovem, sem eira nem beira, mas com luz e força próprias que vão garantir ao município transpor a tempestade.
Fotos: ASCOM/MG.