PAULO AFONSO– Na iminência de colocar o bloco na rua para permanecer à frente da prefeitura, o prefeito em exercício Marcondes (PSD), está na boca da caçapa. Se fizer um movimento abrupto será engolido pelo Legislativo.
Não deixa de impressionar, no entanto, como o ‘Conde’ conseguiu minar a grande e poderosa base herdada de Luiz de Deus (PSD) que trazia o Parlamento na mão, e impediu, por duas vezes, que uma CPI abrisse as vísceras do governo e colocasse parentes do prefeito na mira dos vereadores e da opinião pública.
Se a CPI tivesse vingando, seriam escrutinados por ela, o ex-secretário do BTN, Luizinho, genro, e a secretária da Sedes, Cíntia, nora de Luiz de Deus.
Para começar a conversa, Marcondes trocou o líder escolhido pelo seu antecessor – na mesma semana em que o mesmo assegurou a Gilmário (Podemos) que o lugar dele estava protegido-, para empoderar Leco (PSD), aliado. A troca pôs a palavra de Luiz de Deus, já fragilizado pela doença, na lata do lixo.
E isso foi café pequeno perto do que estaria por vir. Nos meses seguintes, vereadores poderosos como Zé de Abel (Podemos), presidente da Câmara, e Pedro Macário (União) – este um fiel escudeiro de Luiz, ficaram na geladeira. Completamente excluídos. A vingança chegou no final do ano, quando a Câmara reduziu a margem de manobra no Orçamento para apenas 30%. Não houve chances para o governo inverter o b.o.
Em relação aos acordos firmados entre Luiz e os vereadores que apoiaram a candidatura a deputada estadual de Luiza, sua neta, Marcondes fez ouvidos de mercador e estes ficaram isolados da máquina pública. Tratados com a mais absoluta indiferença. Os vereadores foram demasiadamente prejudicados.
Enquanto o prefeito se isolava da base na Câmara, alimentava um seleto grupo de puxa-sacos que, agora, vendo o buraco no qual se encontram, tentam a todo custo reverter a situação com a presidência da Casa e com Macário, vereador que tem influência nos demais.
“Ninguém na Câmara teme retaliação de Marcondes. Ele sabe fazer contas e entende o que significa os dois terços dos votos”, comentou uma fonte ligada a estes vereadores, sob reserva.
Enquanto isso, de braços abertos, o pré-candidato a prefeito Mário Galinho (PSDB), canta a canção dos anos 80 que as redes sociais trouxeram de volta:
“Caso do acaso bem marcado em cartas de tarot, meu amor, esse amor de cartas claras sobre a mesa é assim/ signo do destino que surpresa ele nos preparou…”