Prepostos do restaurante popular, programa da rede de segurança alimentar da Prefeitura de Paulo Afonso, insistirem na afirmação de que ovo frito é apenas uma das duas opções do cardápio do almoço. Ao ser entrevistado por um repórter que cometeu o erro de não ouvir o povo, o coordenador do declarou: “Aqui, todos os dias tem carne”! A mesma frase foi dita por uma nutricionista duas semanas depois.
A afirmação aumentou a insatisfação dos frequentadores, e alguns nunca mais voltaram lá. Afinal de contas, em qualquer casa de família, por mais simples que seja, tem feijão com arroz e ovo frito.
Indignados, muitos usuários do serviço que nasceu 2007 com a finalidade de servir refeição de qualidade nutricional a preço acessível, reafirmam que há alguns meses, a única opção é um MINI-PF, com uma concha de feijão, uma de arroz, uma colher de repolho e um ovo estrelado. Verdade seja dita, o preço continua acessível, mas não se pode dizer o mesmo do valor nutricional.
É de cortar o coração ver o triste semblante da funcionária que vende as fichas no balcão de entrada do restaurante, ao anunciar: “Gente, a mistura de hoje é ovo”!
O senhor Francisco de Assis, morador do bairro Prainha, frequenta o restaurante desde a inauguração e diz que não se sente mais saciado com a pequena quantidade e a péssima qualidade da comida servida atualmente. “Depois que dona Clara saiu da Secretaria, nada mais prestou. Aquela mulher tem um jeito especial de tratar as pessoas”, diz.
Para complementar o almoço, ele leva frutas, isso porquê até a sobremesa foi cortada e o copo de suco que ainda acompanha o prato é feito com água natural.
Na cozinha comunitária do bairro Benone Rezende, o cardápio é exatamente igual, afinal, os dois programas são administrados pela mesma empresa. Até o vereador Keko do Benone afirma ter ido pessoalmente averiguar a denúncia dos usuários e constatou a veracidade.
“Quando sugiram as reclamações eu fui lá e constatei que era verdade. Depois fui até a casa do prefeito Luiz de Deus, que ainda não tinha se afastado, relatei a situação e ele determinou que a dívida com a empresa Lemos Passos, no valor de R$ um milhão e quinhentos mil, fosse paga. Após o pagamento, o cardápio voltou ao normal, mas depois desandou de novo, e quem continua sofrendo é a população”, diz.
Estranho é que a empresa prestadora do serviço, mesmo sem condição de ofertar um cardápio decente, pelo fato de não estar recebendo os pagamentos da Prefeitura, continue acobertando o calote, e seus funcionários dizendo que tudo está normal.
Por Washington Luís.