No último sábado (18), agricultores e autoridades municipais se reuniram na Estação de Bombeamento 2, no povoado Baixa do Boi, para discutir a crise no abastecimento de água que atinge o Distrito de Irrigação de Paulo Afonso. O encontro contou com a presença do prefeito Mário Galinho, do secretário de Agricultura, André Vitor, representantes da CODEVASF, MST e irrigantes da região.

O abastecimento foi interrompido após um ato de vandalismo e furto registrado no dia 16 de abril, afetando diretamente os povoados Baixa do Boi, Izídio, Baixa do Croá e Riacho Grande. A situação coloca em risco a produção agrícola local e o fornecimento de água para mais de mil famílias.
O engenheiro agrônomo Reginaldo, responsável técnico pelo projeto, relatou que o Distrito de Irrigação já vinha enfrentando dificuldades financeiras, organizacionais e de gestão.
— O Distrito acumula dívidas há cerca de oito anos. A arrecadação é insuficiente para cobrir os custos operacionais e há inadimplência por parte de muitos irrigantes. Mesmo com risco de negativação no SERASA, alguns deixam de pagar, o que compromete o funcionamento do sistema como um todo — afirmou.

Durante a reunião, o prefeito Mário Galinho se comprometeu a apoiar a comunidade, oferecendo a estrutura da Secretaria de Agricultura para o bombeamento emergencial de água da Estação de Bombeamento 1 (EB-01) para a Estação 2 (EB-02). Além disso, garantiu que levará as demandas do Distrito ao deputado federal Otto Alencar.
Charles, representante da CODEVASF, destacou a relevância do projeto para a cidade e cobrou maior articulação institucional.
— O Distrito de Irrigação é referência para a agricultura local, mas vem enfrentando uma série de problemas, como cortes de energia e inadimplência. A independência do Estado foi um avanço, mas não houve progresso na busca por parcerias. A CODEVASF, inclusive, nunca recebeu um pedido formal de apoio por parte do Distrito — declarou.
Também participaram da reunião agricultores ligados ao MST, cujas famílias estão vinculadas ao projeto de irrigação. Eles alertaram para o risco de colapso do sistema e pediram maior comprometimento das lideranças políticas, criticando a ausência de apoio fora dos períodos eleitorais.
Reportagem: Marizângela Sá.