PAULO AFONSO– “Eu lhe peço reserva, mas ontem comprei alimentos para um ex-ajudante meu. Ele foi demitido naquela canetada do prefeito Galinho (PSD), das mil demissões, não recebeu a rescisão, e não pôde recorrer ao Bolsa Família para comprar comida porque o órgão está fechado. Ele me pediu com vergonha: “amigo não tenho o que comer em casa”’, fiquei tão angustiado que, mesmo na dificuldade lhe entreguei uma cesta básica”, relata ao Painel, um ex-todo-poderoso secretário de Marcondes Francisco, em caráter reservado.
O drama do ex-auxiliar, comum a parte dos ex-servidores da prefeitura, mandados embora e sem receber os direitos, se espalha na cidade. A canetada de Galinho foi o medida mais cruel já tomada, seja política ou administrativa de um governante.
Para além do drama econômico, pelas humilhações a que ex-servidores foram submetidos, não encontra semelhante, até onde se sabe, em nenhum outro prefeito. “A impressão que temos é que esse prefeito e sua equipe é regida pelo ódio. Uma única funcionária foi demitida três vezes em menos de 20 dias. Ela está arrasada e depressiva”, relata outra fonte sob reserva, indignada.
Ódio e fome para morder o erário
A toada do ódio, disfarçada em produções novelescas da 5ª série, produzidas por profissionais deste naipe, só não supera a gana para sangrar o erário dando mamatas aos aliados. A reforma administrava, concomitante aos decretos que fecharam a prefeitura para a população, é uma espécie de cartilha da mamata.
Criou-se, com o auxílio de vereadores cúmplices, cargos de ficção, como superintendências e secretarias da Mulher, de Articulação Política e de Tecnologia que têm únicos objetivos de amamentar aliados.
São departamentos que poderiam estar sob pastas específicas, com um baixo custo. Mas foram alçadas a esta categoria para saciar a fome. É uma contradição absurda quando vem acompanhada de uma prefeitura que cessou a distribuição de cestas básicas. Não importa se temporariamente. As medidas amargas só prejudicam mais ainda a baixa renda.
O ex-vereador Marconi Daniel (PT), assume protagonismo na oposição e cobra Galinho: “venha discutir o Orçamento comigo”, convida.
“A reforma tem cargos que chegam a até 16 mil reais, isso é um absurdo! No lugar de o prefeito dizer que está com dificuldades financeiras, não poderia jamais colocar em uma única casa cinco cargos comissionados e de alto valor”, pontua Daniel.
Não tem dinheiro para o Carnaval, como assim, a prefeitura tem 1,6 milhão por dia, continua Marconi:
“Eu quero me colocar à disposição do senhor prefeito, para que a gente discuta esse Orçamento. Eu gosto muito de discutir o Orçamento: para onde vai esse recurso?; são trinta dias que acumulam 48 milhões com a prefeitura fechada, 30 dias”, reforça Daniel.
O ex-vereador evidencia a preocupação do prefeito em criar tetas para aliados, enquanto a população mais vulnerável continua entregue à sorte. “O Restaurante Popular é um exemplo, já poderia estar funcionando; a Cozinha Comunitária (Benone), Cras e Creas; o Hospital Nair. Eu peço a Deus que dê sabedoria a ele (Galo) e, ele pare de catar lixo e apertar parafuso de sucata, porque a população precisa de alguém para gerir os recursos públicos, e não de um blogueiro”, resume o ex-vereador.