PAULO AFONSO- O Galinho (PSD) eleito vereador em 2016- com 525 votos-, estava sentado na cadeira de convidado da Câmara Municipal, quando testemunhou àquela Legislatura aplicar o escandaloso salário do então prefeito Anilton, e depois, Luiz de Deus, cravado no teto máximo: 34 mil reais.
Ele ficou tão desconcertado (falo porque tentei entrevistá-lo, e ele me pediu um tempo para não falar bobagem) e saiu. Dali para frente, nascia um jovem político capaz de um gesto nobre e único: a quantia que passava do salário de 10 mil reais, pago aos vereadores à época, e que ele passaria a ter direito, foi doado às instituições. Durante os 4 anos, Galinho fez a distribuição rigorosa dos 2 mil reais.
Passados 8 anos, o que aconteceu a este político, pergunto-me. Antes de qualquer coisa, triste. É inacreditável o silêncio do prefeito eleito, ante a indecência feita pelos seus correligionários na Câmara Municipal.
Dizer que o prefeito eleito foi surpreendido com o golpe armado pela Mesa Diretora – contando com a quase totalidade dos parlamentares, a exceção de alguns que ainda precisam esclarecer se assinaram ou não o infame projeto de lei 45-, cujo presidente conta com o seu apoio para permanecer à frente, é o mesmo que chamá-lo de idiota. Coisa que ele não é.
Galinho pregou sobre um governo de reconstrução e ainda não assumiu, é verdade, mas deixa evidências de que corrobora com o indecente aumento que, afinal, premia seu secretariado e vice-prefeito. Ou por outra: é preciso reconstruir os bolsos dos vereadores falidos durante a campanha mais corrupta da história.
Se comprava votos com cem reais como quem compra banana na feira. E os vereadores arrotavam por aí: “Eu vou gastar um milhão”; “eu gasto dois milhões, mas me elejo”.
Passada a eleição, restou provado o porquê de tanto dinheiro à toa. Eles exatamente como iriam reconstruir seus bolsos furados. Com a palavra o cidadão, sem hospital, sem uma assistência social digna, sem limpeza pública, sem emprego, num município estagnado economicamente para o trabalhador, mas promissor para políticos.