PAULO AFONSO- Me recuso a ouvir a seguinte resposta: Jaciede Rodrigues (Solidariedade), se candidatou pela primeira vez e fez uma campanha com poucos recursos. É mentira! Jaciede é, de longe, a mulher mais preparada para representar o complexo de bairros do qual faz parte e não foi eleita em detrimento de três elementos básicos, independente de mérito e demérito dos postulantes: a corrupção, a falta de noção do eleitor sobre representatividade e a desigualdade de gênero.
É inútil prosseguir sem esclarecer isso. Ah, mas Cícera Macário (PSDB), foi a mulher mais votada do pleito – pode alguém argumentar.
Sério?, e o sobrenome dela diz algo? Vou deixar para analisar o desempenho da vereadora eleita quando ela assumir sua cadeira. Contudo, imaginemos o mano a mano, Cícera nas condições de Jaciede, sem sobrenome de político importante – não por acaso o candidato a vice de Galinho (PSD); sem recursos, zero, tal foi a campanha da Jaci, o resultado seria o mesmo?
Reforço: ser esposa de um político importante não é demérito. Mas havemos de concordar, é uma condição que, por si só, tiraram as barreias do gênero que a professora Jaciede enfrentou.
“Teve dias em que a minha irmã tirou xerox de santinhos para levar, porque chegou a faltar o material”, confessou ela a esta jornalista, chorando. Isso para dizer que a família da professora lutou muito.
Neste Dia do Professor, quero te homenagear em nome de outras mulheres que, como você, levaram a campanha com EXTREMA dignidade e não cruzaram os limites éticos e morais; que não compraram votos, que tentaram argumentar e apresentar ideias, na contramão do que esteve o tempo todo em curso: a compra da dignidade de quem a colocou à venda.
É razoável afirmar: o fracasso não foi de Jaciede, mas do complexo de bairros que não teve a condição psicológica e, no limite, social, de, com o mandato da professora, diminuir o histórico de desigualdade nesta eleição.
Agora, resta a nós torcermos para que as meninas que chegaram lá, do BTN ou não, saibam se impor e sobrevivam ao sistema que teme mais paridade de gênero. Coisa que, com a professora, estamos certo que seria.