PAULO AFONSO- Com pouco dinheiro, confesso, procurei uma cartomante iniciante – que fazia bico num bairro periférico de Juazeiro, duas semanas antes da eleição, para saber o destino dos grupos rivais. Eis que, ao consultá-la, me foi advertido em três cartas duras: o trevo, a serpente e, a mais dramática: a nuvem, que um deles sofreria com uma peixeira baiana no peito.
A cartomante desconhecia a pesquisa de Zé Renato – que deu antecipadamente o resultado das urnas com Galinho (PSD) dando e emprestando votos a quem precisasse-, então, resta provado que, mesmo sem experiência, as cartas não mentem jamais.
Conversando em off com os secretários que ainda dão expediente na prefeitura, eles disseram por uma boca só: “o funcionalismo traiu Marcondes”; uma das fontes acrescentou: “Alguns inclusive já mostram arrependimento.”
Sim, é verdade. O prefeito Marcondes (Progressistas) foi traído em casa. Súbito, reuniu-se com os vereadores eleitos e reeleitos no Velho Chico para um rega-bofe, na esperança talvez, de manter algum poder após a derrota acachapante, afinal, vem por aí a presidência da Câmara.
De acordo com o vazamento dos convivas, teve vereador reeleito que disse-lhe as últimas. O gesto de Marcondes, até certo ponto, é compreensível, mas inútil. Ao reunir a tropa, apenas ilustrou ao prefeito eleito, Galo (PSD), a bela bancada que lhe vai cair aos pés em troca de amparo, e com isso, votar em quem ele achar mais conveniente para presidir a Câmara pelo próximo biênio.
A política é a arte do diálogo, mas no tempo certo. E o tempo não voltou atrás, naquela altura, quando Luiz de Deus pediu a primeira licença, há quase dois anos; o tempo andou e cobrou o preço do isolamento ao qual Marcondes se submeteu.
Outra lição impiedosa da política: negociar por baixo é implorar por castigo.
Fotos redes sociais.