PAULO AFONSO- A imprensa acompanhou o derretimento do governo, não ontem, mas desde que Luiz de Deus fora reconduzido à gestão, naquela vitória impensável que, segundo o ex-marqueteiro do grupo, em entrevista à Ilha News, Clecinho Inovare, só foi possível graças “aos galões de caldo de cana”, referindo-se à compra de votos.
A grande revelação de Clecinho, seria, afirmar justamente o contrário. Contudo, Luiz de Deus ainda bem consciente de tudo, trancou a porto do governo para o Progressistas, parceiro de última hora que o salvou do declínio; aceitou levar uma candidatura muito difícil de Luiza de Deus a contragosto dos aliados, espantando todo mundo, e, no âmbito administrativo, cresceu em nível insuperável de dificuldades. Acumulou dívidas, desgastes e manteve a máquina a duras penas.
Quando finalmente entregou, à prestações, o cargo, ao vice Marcondes Francisco (PP), e a ele deu a missão de continuar o legado, não havia mais o que fazer. Porém, é preciso reconhecer, Marcondes – politicamente falando- não poderia ter sido pior.
A primeira atitude foi isolar os vereadores que haviam feito acordo com Luiz, e privilegiar dois, dizem as más línguas, apenas um. Mas não só os vereadores, alguns secretários foram vítimas de muita perseguição e isolamento, até que enfim, chegou a degola, a exemplo de Adonel Jr, da Saúde. O que esse homem sofreu não está no gibi.
De isolamento a isolamento, com a chegada do ano eleitoral, os vereadores deserdados, procuraram abrigo debaixo da asa do Galo (PSD), pronto, resolvido. Foi como empurrar bêbado em ladeira. O governo não tinha como honrar em tempo hábil os compromissos, o povo sentindo a falta dos serviços públicos sempre pior, e, para completar, uma aliança forjada com Anilton (MDB), sobre a qual puseram muito gosto ruim, quase vai para o vinagre.
Mesmo sem ter ido, parecia estar lá. Era evidente que Anilton não estava à vontade, não teve os meios para agir e, com a sua expertise ajudar o grupo e a mulher, candidata a vereadora.
Marcondes sofreu de uma ciumeira como nunca se viu a político nenhum. Não queriam o homem perto de ninguém, o fecharam em copas. Esqueceram que política é a arte da conversa, do diálogo e do cumprimento do acordo. Sem isso não há como fazer nada.
Afirmar que Marcondes só cometeu erros, é desonesto. Porém, errou demasiadamente quando esqueceu como chegou a 8 mandatos consecutivos. Não se elegeu ignorando o grupo, era fiel escudeiro de Luiz de Deus; venceu amparado nas outras forças aglutinadoras – que, para prefeito, menosprezou.
Ontem reconheceu a derrota em ato democrático, parecia até aliviado. Ao lado de Mário Jr (Progressistas), que fez o jogo, foi para cima, tentou ganhar, como é de sua personalidade, e de Anilton, este de havaianas, numa simplicidade que pegou muitos de surpresa.
A nau governista conhece agora o fundo do oceano.
Um comentário
Excelente texto!