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Paulo Afonso-BA, 22 de novembro de 2024

Cachorros nas ruas de PA ameaçam segurança da população; voluntários de ONG pedem apoio do Poder Público Municipal

O crescimento desordenado da população canina de Paulo Afonso foi mostrado recentemente em reportagem da TV São Francisco, afiliada da Globo no Norte da Bahia. A situação se agrava a cada dia e está deixando os moradores da cidade assustados.

Em todos os lugares, são encontrados animais vagando pelas ruas ou nas calçadas, quase sempre com sintomas de Calazar. Esse é o nome popular da Leishmaniose Visceral Canina, doença transmitida aos cães através da picada de um mosquito, e se não for tratada a tempo pode provocar a morte do animal. Os seres humanos não são imunes à Leishmaniose, porém, o contágio só pode acontecer pela picada desse pequeno inseto. Mas, tanto nos cães como nas pessoas, há tratamento disponível na rede pública.

Mas o perigo dos cachorros soltos nas ruas de Paulo Afonso não está apenas no risco de contaminação por Calazar. O número de acidentes causados por esses animais tem crescido assustadoramente.

As sequelas que o jardineiro José Adriano Vieira vai carregar em seu corpo pelo resto da vida, são decorrentes de um ataque de cachorro que sofreu próximo ao bairro Centenário.

Ao tentar desviar sua moto de um cão enfurecido, José Adriano caiu e fraturou o fêmur direito. Depois de passar por uma cirurgia para colocação de pinos e placas de metal, ele se recupera, mas ainda tem que fazer sessões de fisioterapia para voltar a andar normalmente. “Quando eu me aproximei do quebra-molas e reduzi a velocidade da moto, fui atacado por um cachorro, não consegui me equilibrar e caí. Fiquei cinco dias internado em Paulo Afonso, e com o diagnóstico de fratura grave no fêmur, fui transferido para um hospital de Juazeiro, onde passei mais 25 dias. Agora estou em casa, mas ainda luto para voltar a andar e trabalhar”, conta.

O gerente comercial Mailson Fernandes é outra vítima. No caso dele, o ataque aconteceu próximo à sua residência na Rua Riachuelo, centro. Mailson também guarda as marcas do triste momento. “Eu estava saindo de casa, quando vi que tinha uns cachorros no meio da rua. Tentei desviar, mas eles partiram para cima de mim, um deles mordeu minha perna e eu terminei caindo. Fraturei uma clavícula e tive uma costela quebrada”, relata.

A problemática causada por cachorros de rua em Paulo Afonso só não é pior porque a ONG Associação Recanto dos Animais em Perigo (ARDAP) faz um trabalho voluntário de recolhimento desses cães. Mas, segundo a voluntária Tatiane Galindo, apesar da boa vontade da equipe, falta apoio do Poder Público. “A sensação que nós temos é de que estamos enxugando gelo. É necessário que o Poder Público nos ajude com pessoas qualificadas para resgatar os animais, equipamentos de proteção e espaço para abrigar e castrar os cachorros”, diz.

Um Termo de Ajustamento de Conduta entre o Ministério Público e a Prefeitura chegou a ser assinado para abrigar e tratar dos animais. Segundo o MP, foi firmado um convênio com a ONG para abrigar os cães que deveriam ser castrados em clínicas particulares credenciadas. Mas o convênio venceu no dia 31/10.

Em nota, a Prefeitura informou que o convênio entre a Secretaria de Saúde e a ARDAP foi prorrogado por dois meses. Ainda de acordo com a nota, está sendo providenciada a construção de um abrigo rotativo para cães. Agora, a preocupação é com o fim da prorrogação do convênio que está se aproximando.

A promotora de justiça, Luciana Khoury demonstra otimismo quanto às próximas ações previstas para resolver a situação. Ela vê a possibilidade de ampliação da ARDAP como um grande passo para a resolução do problema.

“Em 2013 nós ajuizamos uma Ação Civil Pública; posteriormente em 2017, foi firmado um acordo com o Ministério Público, para credenciamento das entidades para fazer a castração dos animais. Porém, o número de empresas credenciadas é insuficiente diante da quantidade de cães. Nós acompanhamos de perto e estamos confiantes de que a partir de agora teremos avanços, inclusive com a ampliação da área da ARDAP para funcionar como clínica”, conclui.

 

Por Washington Luís

foto: José Carlos Ferreira

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