“Não tinha grandes planos nem projetos definidos. Até porque algo que eu sempre me propus foi escutar. Eu queria fazer dessa forma porque achava que faltava isso muito à atividade política: ouvir o povo que, na realidade é para quem trabalhamos. Eu procurei ouvir, visitar e ficar perto. Nesse formato de não engessar as coisas à minha maneira, respeitando a diversidade do nosso município que, em cada lugar há uma realidade e uma necessidade diferente, eu encerro minha liderança à frente da oposição muito satisfeita. Acredito que foi bem-feito, que atendi as expectativas de várias necessidades que recebi da população; diferenciei ações como a exemplo da 1ª Feira do Empreendedorismo Feminino – algo jamais realizado; de pensar fora da caixa, de implantar na política a administradora que eu sou, atravessando temas espinhosos, com vitórias e derrotas, mas sobretudo zelando pelo interesse público, razão de existir a política, sem nunca ter alterado a minha voz ou desrespeitado um colega”, resume a vereadora Evinha Oliveira (Solidariedade), sobre os dois anos em que atuou como a primeira mulher a liderar uma bancada – de oposição – na Câmara Municipal.
A liderança de Evinha encerra agora com a eleição da nova Mesa Diretora da Câmara Municipal, marcada para esta sexta 16, e, consequentemente, dos novos líderes das bancadas cujo período dura dois anos.
O embate mais importante enfrentado pela liderança feminina foi a campanha pela abertura de um processo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para que a Câmara investigasse os gastos do governo municipal no período agudo da Covid-19. Evinha teve papel fundamental na condução das reuniões e no convencimento da opinião pública a respeito do tema. E, ao mesmo tempo, com a responsabilidade conferida à sua liderança, não se permitiu lançar suspeitas sobre funcionários ou agentes políticos que, a essa altura, não pudessem ser comprovadas.
Apesar de ter sido um período politicamente bastante conturbado, com uma eleição no caminho, a senhora termina sua liderança sem uma única briga pública. Esse é o perfil de uma mulher liderando?
Não. Isso tem a ver com a minha postura, com o meu jeito de agir. Não devemos criar expectativas de que seja uma “linha feminina’’ de atuação. Pode, daqui para a frente, vir mulheres com outra postura e tudo bem. Porém eu não sou de reclamar ou de fazer barulho. Minha liderança é de apresentar falhas naquilo que eu entendo que precisa ser corrigido, com uma proposta responsável, após pesquisar bem o tema. Eu foco para não deixar lacunas. Todas as denúncias que eu levei a cabo tiveram encaminhamento, seja como forma de requerimento ou denúncias ao Ministério Público. Creio que os colegas perceberam minha coerência e tivemos um bom relacionamento.
Há frustrações na sua liderança?
Não. Mesmo sendo uma oposição bem menor – ainda quando éramos mais, não passamos de um terço – tivemos vitórias. Retiramos projetos cuja aprovação seria, no nosso entendimento, de prejuízos para a população como, por exemplo, a taxação do lixo que, sequer foi tramitado após a nossa atuação. Sem falar que evitamos por diversas ocasiões o rolo compressor, apesar de o governo ter ampla maioria, não aprovou projetos como quis. Por outro lado, com bastante diálogo entre nós e um trabalho incessante junto às mídias, conseguimos aprovar projetos nos quais o governo não tinha interesse, como a lei das vacinas, naquele momento difícil e de tantas denúncias sobre a aplicação das doses. Quando a bancada diminuiu, ficamos apenas com 3, foi por questões pessoais e não por desentendimento político.
A senhora acha que deixou uma cartilha de como liderar?
Olha, em conversa com os meus colegas eu deixei claro que desejo que continuemos assim, não porque eu implementei, mas porque trouxe temperança, respeito, segurança e confiança ao nosso trabalho. Então eu desejo muita sorte ao próximo líder.
Fotos para a reportagem: assessoria parlamentar/Evinha Oliveira.