PAULO AFONSO – A subtenente Elisângela de Lima Souza, que comanda o programa Ronda Maria da Penha da Polícia Militar, fez um importante pronunciamento agora na Câmara Municipal, na sessão especial que discute o “Agosto Lilás”, volta para o enfrentamento da violência contra a mulher.
De acordo com Elisângela, no Brasil, neste período pandêmico o registro foi de 4 mulheres mortas por dia.
Trata-se de um efeito colateral trágico do período de quarentena em que as mulheres precisaram conviver o tempo todo ao lado de seus algozes.
O programa Ronda Maria da Penha consiste no acompanhamento das vítimas que têm medida protetiva e também dos agressores, de forma periódica.
São 149 mulheres com medida protetiva neste momento em Paulo Afonso.
“Nós tivemos um caso em que uma mulher, nos disse que: “não, eu não quero mais essa protetiva porque eu aguento apanhar, mas não aguento ver meu filho passar fome. Eu prefiro apanhar!”, são as realidades que a gente tem, a Lei Maria da Penha é maravilhosa, mas nós precisamos de mais estrutura para realizá-la.
Elisângela disse ainda que a mulher que apanha não tem para onde ir. “Nós não temos casa de abrigo para as mulheres, especialmente esses casos em que a mulher é retirada do domicílio, em Paulo Afonso nós temos uma casa de passagem, mas essas mulheres só podem ficar por 3 dias.”
“Nós precisamos desses espaços, eu acho muito importante, nós precisamos conversar com os homens também, porque a violência não só atinge mulheres, mas os filhos, os familiares e o próprio homem que praticou a agressão”, observou Elisângela.
“Eu penso sempre como ficam as crianças sem a mãe?, porque quem não é mulher veio de uma mulher. Então nós precisamos pensar e abandonar esses comportamentos que não cabem mais no século 21”.
“Ela apanha porque quer?”
“Existem muitos mitos de que há mulheres que sofrem porque querem, mas o que vemos são mulheres amedrontadas demais, machucadas demais para sair daquela estrutura; existem muitos fatores, mas percebemos que o patriarcado e o machismo dão contorno a essa violência.”
5 anos de Ronda Maria da Penha em Paulo Afonso
A Ronda Maria da Penha foi criada em 2015 em Salvador e Paulo Afonso está há 5 anos com o programa.
“Nós ficamos sediados no Centro de Referência da Mulher porque nós precisamos estar dentro da Rede. A PM está na ponta e no final da rede; através do 190 recebemos as denúncias e atendemos as ocorrências de violênia doméstica; depois levamos a vítima para a delegacia. A Deam vai ouvir e abrir inquéito que será levado ao Ministério Público e da lá para a Justiça; quando a Justiça decide por uma medida protetiva para que o agressor se afaste da mulher, nós fiscalizamos o cumprimento das medidas”, explicou a coordenadora.
Em 5 anos foram mais de 1 mil protetivas fiscalizadas pela Polícia Militar.