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Paulo Afonso-BA, 28 de março de 2024

“Se a mulher sofrer violência institucional, não volta”, diz assistente social

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PAULO AFONSO- Entre as convidadas da Câmara Municipal para a sessão especial que tratou a violência doméstica e familiar, em razão do “Agosto Lilás” voltado para o tema, proposto pela vereadora Evinha Oliveira (Solidariedade), estava a assistente social Elaine Soares Silva, que coordena a vigilância socioassistencial mantida pela pasta de Assistência Social da prefeitura de Glória.

Elaine apontou que entre os momentos traumáticos de uma mulher sob ataque, está justamente a ida à delegacia, o passo crucial para tentar barrar as agressões, porque a vítima se expõe em boa parte das vezes ao julgo de profissionais nem sempre preparados para acolhê-las.

O mais impressionante da fala dela, foi estar no lugar de mais uma vítima:

“Eu estou como assistência social onde eu trabalho e atendo mulheres vítimas de violência. Será que estamos preparados?, estamos de fato sensibilizados com essas dores, para atender mulheres tão machucadas?”, questionou.

“A sensibilidade do assistente social independe do sexo, homem ou mulher,  tem que ter.”

Elaine explicou que nem sempre a atitude da mulher espancada é ir imediatamente a uma delegacia: “Elas silenciam por muito tempo isso. Algumas vão a um centro de referência, nem todos estão preparados para receber. A maior deficiência na política pública é onde não existe os CREAS para acolher. Como acolher essa mulher?, eu preciso ter um olhar e a escuta sem qualquer julgamento, porque já somos julgadas por uma sociedade, quando essa mulher vai a esses equipamentos de garantias de direito, vão para ser acolhidas; precisamos trabalhar o seu empoderamento, sua autoestima, fazer atendimento individuais e coletivos.”

A Lei Maria da Penha sofreu alterações ao longo dos 15 anos. De acordo com Elaine, após a ida à assistência social, o órgão deve encaminhá-las ao sistema de educação e saúde.

“Quando a gente diz que a mulher “não se cale” ela vai se empoderando, ela vai trazendo força dentro dela, se vê como mulher e com a capacidade de se ressignificar. Por isso a importância da rede de proteção e do assistente social no trabalho com essas mulheres.”

“Foram 18 anos de violência”

 “Todas as violências: patrimoniais, psicológicas – que para mim é uma das piores-, física, entre outras. Essa mulher foi aos poucos se fortalecendo, lendo… até que um dia essa mulher chegou a uma delegacia. É uma pena que a Deam não seja aberta à noite ou fins de semana, porque essa mulher teve que ir a uma delegacia comum, e lá dentro ela sofreu mais uma violência institucional. Esses profissionais precisam ser capacitados, acolher sem julgamento. Essa mulher sofreu todas as dores de um violência; ela foi vivendo todos os processos, chegou o momento em que ela não sabia mais nada, que estava perdida, porque a violência leva isso da gente, fica sem saber o que fazer, ela precisa do direito e não sabia. Um profissional olhou para ela e disse: antes de você ser mãe, profissional e esposa, você é mulher. Essa palavra foi muito forte, ela se ressignificou, as marcas continuam, mas ela consegue falar a outras mulheres. Essa mulher sou eu. Lamento que nos tratem como números, nós somos vidas.”

 

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