PAULO AFONSO – Se há um ponto em que o diretor de jornalismo da RBN, Jota Matos, a quem eu acrescentei a alcunha “Bolsonaro de Deus” não titubeia, é em defender cegamente o presidente Bolsonaro (sem partido).
A coisa é tão escancarada que, não importa o que o presidente diga ou faça, Jota o defende lendo matérias de sites bolsonaristas [ainda que sejam financiados pelo governo] a coisa vai de forma bem parcial e assim, diga-se, Jota Matos faz um contraponto à imprensa, eu diria planetária.
Porém, hoje, com a repercussão da prisão do deputado bolsonarista Daniel Silveira (PSL-RJ) preso em flagrante após ameaçar, por meio das redes sociais, matar ministros do Supremo Tribunal Federal, entre outras basbaridade, a emissora caiu numa armadilha: defendeu o lado de militantes bolsonaristas e esqueceu que passou a campanha eleitoral inteira acusando adversários do prefeito Luiz de Deus (PSD) de abusar da lei que garante a liberdade de expressão. Tarefa que eu mesma dei cabo por diversas vezes.
Então, como diria Jota Matos, o pau que ele dá em Chico, não vale para Bolsonaro.
A grande questão desse debate é justamente o que vivenciamos durante a campanha eleitoral: a liberdade de imprensa é esse enorme guarda-chuva em que tudo pode ser pendurado?, quer dizer: o sujeito vai lá e diz o que quer, ameaça, que o fulano é ladrão, bandido, e que a Polícia Federal tem que prender, e tudo está O.K, porque afinal, a Constituição garante a liberdade de expressão?, ou há limites para ela?
A saber:
No artigo 5, a Constituição diz que “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”. E no artigo 220 que é proibida “toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística.”
Mas há limites, porque, em nome dessa liberdade não se pode cometer crimes contra a honra, como calúnia, difamação e injúria.
Exatamente “aquilo” Jota, que tentaram fazer por diversas vezes ao prefeito e que você era o primeiro a criticar.
Quando a rádio coloca aos pauloafonsinos APENAS uma parte do debate, deixa claro sua posição. Ela não cumpre a função do jornalismo imparcial que pressupõe sempre os dois lados do problema.
Foi o que aconteceu hoje durante o “Primeira Hora”, em que jornalistas sabidamente bolsonaristas criticavam o ministro do STF Alexandre de Moraes pela prisão do deputado. E o outro lado?
Resumindo: o que vale para Luiz de Deus, em tese não cola em Bolsonaro.
Foto: Veja/reprodução RBN.