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Paulo Afonso-BA, 25 de abril de 2024

Evinha Oliveira atribui vitória à sua trajetória, diz que já quebrou tabus ao liderar oposição e vai “dialogar” com o governo

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PAULO AFONSO – Evanilda Gonçalves de Oliveira tem 39 anos, é formada em administração e carrega sobre os ombros uma grande necessidade coletiva, no momento em que o mundo, o país e a cidade precisam do feminino.

Porém, a eleição de apenas duas representantes para o Legislativo, na eleição mais concorrida dos últimos anos, reforçou o entendimento que a mulher pauloafonsina ainda tem muito que trabalhar contra a opressão e os padrões políticos-culturais estabelecidos.

Sobressaindo, numa vitória inédita pela falta de “herança política”, como ela vai destacar a seguir, na entrevista concedida ao Painel, Evinha pode estar iniciando o começo de um entendimento diferente do que é a política e para que serve um Parlamento.

É exatamente o desprezo que a sociedade mantém pela Câmara que favorece políticos medíocres, interessados unicamente em manter um determinado padrão de vida, subsistindo como animal político às custas da ignorância geral da função parlamentar e do assistencialismo.

“Eu não tinha me despertado para a política dessa forma de “concorrer” ou ser “vereadora”, mas eu percebi durante o trabalho na Ong Anjo Negro [Ong criada por Evinha após a morte do seu esposo, Ricardo] levando roupas e alimentos para pessoas carentes em diversas comunidades de Paulo Afonso que, para muita coisa falta boa vontade”, destaca a vereadora pelo Solidariedade.

A vitória de Evinha, mesmo com todas as novidades que envolveram a eleição municipal foi vista como surpreendente, e a vontade de entrar no jogo, diz ela, começou ano passado, quando se viu limitada nas ações sociais que fazia:

“O que eu podia fazer enquanto Ong já estava limitado. Mas eu quero ressaltar a importância das Ongs, da sociedade civil que chega primeiro e muitas vezes socorrem antes do poder público. Além disso, eu estou envolvida em um grupo de mulheres “Mães que oram pelos filhos” que me permitiu conhecer mais profundamente esse universo, além do que, a mulher precisa ocupar também esse espaço.”

 Veja na íntegra a entrevista com a vereadora Evinha Oliveira:

Fotos: assessoria parlamentar.

 O Solidariedade conseguiu o coeficiente eleitoral também pela participação de outras mulheres e candidatos na disputa. A senhora foi favorecida por ser irmã do candidato a vice-prefeito?

Não. Meu irmão [Luiz Neto] é muito correto. Eu perdi meu pai muito cedo, e ele assumiu essa função. Só que é aquele pai que aperta, que exige caráter, e o que serve para mim, também é para ele. Naturalmente que quem me conhece sabe que eu sou irmã dele, quem tem simpatia por ele também.

Há quem credite sua eleição mais ao seu irmão do que ao candidato a prefeito Mário Galinho, e a senhora, a quais circunstâncias atribui sua vitória?

Eu discordo. Até porque quando eu falei que sairia como candidata Neto não queria. Disse que eu não precisava disso – porque somos parceiros, temos alguns negócios juntos-, e ele sempre não, não e não. Porém em casa é assim, tem a opinião, mas quando um se decide, pronto. Eu quero destacar um trabalho diferenciado em decorrência da pandemia; ao meu histórico, digo sempre que eu tenho uma reputação, quero dizer, eu tenho serviços prestados e, principalmente, à vontade da mulher de ser representada. Isso foi muito discutido e as pessoas sabiam que minha dedicação ao serviço comunitário não nasceu agora em razão da campanha, tem um longo caminho. Então na visão do meu eleitor – que eu confesso, não sei dizer exatamente quem são, imagino que amigos, as pessoas que conhecem a minha família, do grupo das mães e do trabalho na rede social-, se eu já fazia antes sem mandato, de forma voluntária, agora devo fazer mais. Então a esse conjunto de fatores eu credito a minha vitória.

Eleita, o que a senhora fará de diferente para dá voz às mulheres sub-representadas?

Primeiro, até hoje, dos 230 vereadores homens, eu sou a décima mulher. As pessoas acham que foram várias, mas não, eu sou a décima. Eu costumo dizer que a principal função do vereador é a de representar, e muita gente se esquece disso. Não adianta eu chegar aqui e dizer que quero isso ou aquilo, se não for o desejo de quem eu represento. Eu fiz algumas reuniões com grupos de mulheres antes da campanha e me chegou muita coisa. São muitas mulheres com ideias boas que já se ofereceram, que querem ajudar, inclusive de forma voluntária. Então eu vou ouvir o que a população acha que precisa; após isso eu vou percorrer todo o sistema público de ajuda à mulher, a Deam, o CRM, a Ronda Maria da Penha, e outros programas.

Sendo vereadora de oposição, cuja tradição é só de cobrar e denunciar, como a senhora vai viabilizar esses projetos, pretende dialogar com o governo?

Eu vou tentar fazer o que eu vim cumprir aqui, que é representar o povo. A oposição não deve ser à pessoa, mas ao que for colocado que não seja benéfico à população. Eu vou procurar sim o governo, vou mostrar, conversar e depois prestar contas à sociedade. Porque se eu não conseguir fazer todos verão que não foi falta de tentativa, mas que esbarrou em questões políticas e partidárias. Outra coisa, meu tom de voz é esse. Eu não gritar, não é perfil, eu sou de conversar, de procurar entender, se não vai dar certo vamos ver na frente.

Seu partido quase ganhou a eleição e há muita expectativa de que a senhora vocalize as insatisfações dessa grande parcela de eleitores que votou nele [Galinho/Neto], como vai funcionar isso?

Não é minha personalidade. As pessoas vão precisar entender isso. Galinho fez muito bem o papel que é inerente ao vereador quando fiscalizou, mostrou os problemas, e lutou por melhorias. Eu entendo o papel do vereador, mas agora o modelo é Evinha. O papel que Galinho desempenhou é incontestável e essa “quase” vitória dele mostrou isso. Sei que vão comparar, mas eu quero explicar logo uma coisa: na maioria das vezes a mulher ocupa o lugar de alguém, uma filha que entrou no lugar do pai, ou do marido etc., eu não venho do lugar de ninguém, nenhum vereador saiu para eu entrar. Vamos quebrar esse tabu, também sou a primeira mulher a liderar uma oposição.

Com tanto diálogo, será convidada logo para a outra bancada.

[Risos], eu sou oposição. Sempre fui. Eu acho até mais fácil ser oposição, porque serei livre. Se fosse eu a única, ficaria. Mas é o que eu já disse, “oposição ao que é ruim”.

 

 

 

 

3 comentários

  • ADOREI SEU ENSAIO COM A NOVA VEREADORA EVINHA OLIVEIRA.
    AS DUAS SÃO BOA DE CONVERSA
    SEI QUE AINDA VAI TER MUITO PAPO PELA FRENTE….
    UMA BOA NOITE IVONE LIMA…

  • Eu sou contra as expressões “de situação ” e “de oposição”. Pra mim, o parlamentar tem que ser “pelo povo “, independente da divergência partidária com o Executivo.

  • O repúdio que a sociedade sente pela Câmara, começa com o cinismo com o qual se fala em oposição, a partir da eleição presidencial da Câmara com o resultado apresentado, nem pra disfarçar a incompatibilidade de ideias basta ver o resultado, sempre que pensamos que não pode piorar descobrimos que estávamos enganados, não dá pra esperar nada dessa legislatura INFELIZMENTE

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