Eleições 2020: nenhuma mulher defendeu a criação de um lar para vítimas de violência

PAULO AFONSO – Maria José da Silva de 39 anos, tinha passagens compradas para São Paulo e estava com as malas prontas para fugir do ex-companheiro.

Como se adivinhara seu intento, o elemento adentrou sua humilde residência pelo telhado, na Rua de Brotas, Benone Resende, BTN III,  e por lá ficou à espreita da vítima que, por não ter para aonde ir, dormiu na casa da vizinha.

No domingo de manhã [06/09/2020], Mazé, como era conhecida, chegou em casa e foi atacada até a morte pelo elemento. Então, diz a Policia Civil, tendo guarida de familiares, o dito-cujo teria conseguido escapar das garras judiciais até pôr fim à vida de Maria, a 3ª vítima de feminicídio no município este ano.

Chama atenção que, em plena campanha municipal, para as eleições de novembro próximo, o assunto tenha passado desapercebido. Não foi tema de nenhuma live, não foi lembrado na Câmara Municipal, onde se sabe, tem uma vereadora, ou seja, passou em branco, como passa, a bem da verdade, a violência doméstica e familiar, praga no município, que não encontra nas postulantes femininas à Câmara Municipal, ressonância, atenção e luta.

Daí poderia sair um pleito justo: exigir do poder público a Casa da Mulher Pauloafonsina para acolhê-la e não se repetir a tragédia; mas quê, quem está preocupada com isso, não é mesmo?

As mulheres, em regra, estão sem ideias próprias, quando muito repetem o que dizem os homens. Algumas apelam por renovação – porque está na moda dizer isso, mas elas mesmas não mostram qual seria a novidade trazida por elas?

De certa maneira, quero quer, é compreensível porque parte das eleitoras ignoram as candidaturas do gênero. Elas examinam e não veem diferença entre votar nela ou nele. Eis a questão. E por tradição optam por ele.

A violência doméstica é um ponto, mas há outros: não há conhecimento de nenhuma candidata ao Legislativo que traga uma pesquisa sobre o trabalho das mulheres; o desemprego que as afeta; a situação da mulher negra etc., enquanto a mulher apenas repetir em campanhas o que os homens já fazem ficarão mesmo sem ser opção.