PAULO AFONSO – Crítica ferrenha do grupo liderado pelo prefeito Luiz de Deus (PSD), Anne Michele Nogueira, filha do dentista Luiz Nogueira, passou 21 anos fora de Paulo Afonso, em Recife, e acabou voltando quando o pai adoeceu.
“Meus irmãos moravam fora e eu entendi que meu ciclo em Recife tinha acabado. Fui embora aos 18 anos, estudar, como acontecia aos jovens do meu tempo. Quando eu voltei ainda convivi um ano com meu pai”, contou Anne que é enfermeira.
Data desse tempo, há mais de três anos, quando o pai de Anne faleceu, um problema que se transformou numa questão pública recentemente, tornando Anne uma das pessoas mais conhecidas [e polêmicas] da internet em Paulo Afonso, com a hashtag #foraraquel, em que pedia a demissão da médica Raquel Barthomarco recém contratada por Luiz de Deus para gerir o Hospital Municipal.
Agora, Anne diz que vai pleitear uma vaga na Câmara Municipal pelo PSL, e por isso o Painel foi ouvi-la.
A entrevista será dividida em duas partes, por ter ficado um pouco extensa, especialmente porque há questões que explicam o movimento de Anne nas redes sociais e também sua expectativa em relação às eleições de novembro.
Por que você acha que as pessoas lhe veem como polêmica?
Me veem? Então, eu acho que isso pode ser atribuído ao fato de que eu não meço muito as palavras.
Mesmo na internet onde todos abusam da medida, você se sobressai.
Na realidade eu me posiciono, tem a ver com isso. Com o fato de eu dar minha opinião, eu explico o porquê das coisas e não fico esperando aceitação de ninguém. Isso começou há mais ou menos dois anos, quando eu comecei a ser mais participativa dentro de Paulo Afonso. Fiquei sabendo logo que sofreria retaliação.
Em vinte anos em que você ficou fora não ver hoje qualquer mudança em Paulo Afonso?
Piorou. Se você prestar atenção, quantos funcionários da Chesf trabalham na prefeitura?, o que acontece é que o jovem aqui não tem abertura nenhuma. Quantos amigos meus foram para fora e hoje trabalham em outras profissões que não são as que se formaram. A questão é que a prefeitura é fechada por um grupo. Então a gente ver que ou é Anilton, ou Paulo ou Luiz de Deus. E nisso lá se vão trinta anos.
Nenhum desenvolvimento esse grupo conseguiu nesses vinte anos?
Não falei nisso, mas de emprego. A cidade desenvolveu. Você não pode abrir a boca e dizer que a cidade não é bonita, que não tenha lugares de passeio. Se bem que o turismo ligado à Chesf está morto. Mas no tocante ao trabalho não saímos do lugar. Na prefeitura não existe meritocracia, é comum você ver cinco pessoas de uma mesma família lá dentro. Antes a vida era mais fácil, eu via meu pai trabalhando, nós tínhamos uma vida confortável, entendeu?, então eu saí muito iludida de uma vida perfeita.
Vocês eram aquilo que se chama de classe média?
Não vou dizer assim, mas vivíamos de forma confortável. A gente não comprava um carro novo todo ano, mas, por exemplo, painho tinha lancha. A gente teve uma infância e adolescência confortáveis. Eu estudei em escola particular, hoje meus filhos estudam em escola pública.
Como é sua vida hoje?
Eu abri um disk, mas o comércio aqui é desleal.
Em que sentido?
As pessoas aqui têm um negócio de quebrar o outro. Por exemplo: quando eu tinha um disk bebida um dono de um grande Disk daqui disse que me quebraria. Então eu respondi: tudo bem, você pode me quebrar, mas se isso acontecer eu continuo com o ponto para alugar e se você quebrar vai precisar alugar outro, então quem é o fod…? Uma coisa que Recife não tem que existe aqui é que, lá você é o que é, e não o que tem. Aqui você não precisa ter, mas aparentar que tem. Eu não sou um tipo de pessoa que você vai chegar em minha casa e não ter nada para lhe oferecer; eu já cheguei em casa de pessoas que dizem ser ricas e não terem um ovo para oferecer.
Um comentário
Nossa, quanta profundidade da entrevistada … Posso nem dizer que perdeu meu voto porque já não ía ter, mas sinceramente, poderia ter se saído melhor! Só sabe reclamar! É um Mário Galinho de saias.