PAULO AFONSO – Havemos de louvar a iniciativa de parte de lideranças do Partido dos Trabalhadores que não suportam mais ver a legenda se transformar num cartório. Sem outra aspiração a não ser fixar-se no aparelho municipal sem causa, apenas para o alimento ordinário.
O PT de Paulo Afonso não nasceu ontem, não fosse o abandono de causas que eram caras à esquerda ao longo desses anos, hoje seria impossível pensar em eleição sem colocar o partido no centro da sala.
Infelizmente resistem em suas entranhas, como na de tantos outros partidos, gente que se dedica unicamente à conquista do poder, que dá de ombros para questões prementes do debate público, como ocorre neste momento com o endividamento milionário em curso na gestão de Luiz de Deus (PSD), cujos efeitos para a população ainda são obscuros, na tentativa de manter alguma vantagem.
Onde está o carro de som do PT?; onde está sua virulenta manifestação?; em que rua dessa cidade está o PT para apontar que há outras alternativas para levantar a estima dessa população, acoada, sem rumo e sem condição de reagir?
Conviria ao PT aproveitar esse desejo na ala que anseia por mudanças e apoiá-la integralmente. Do contrário, continuará uma agremiação atrás de um balcão para apenas vender interesses.
O PT pode ser muito mais, porém, sem permitir romper com estruturas arcaicas não ameça nem à reeleição de Luiz de Deus, nem a campanha de ninguém.
A grande questão, sem dúvida, é que um rompimento dessa magnitude, onde necessariamente o partido precisará abrir mão de certas figuras que apenas alugam a legenda para fins muito particulares, tem reflexo nessa e na próxima eleição. As dificuldade de um recomeço serão muitas, não se pode negar, inclusive de não eleger ninguém.
Contudo, o movimento que desde já expõe as feridas da legenda, é o caminho, tortuoso, longo e movediço para também chegar à cura.
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