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Paulo Afonso-BA, 19 de abril de 2024

Diniz sai de cena como único na imprensa que abriu as portas para todos; depois fechou

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PAULO AFONSO – Saiu de cena na tarde deste sábado 20, o personagem mais controverso da história da comunicação pauloafonsina. Todos nós que partilhamos o microfone da Rádio Cultura com ele, ao longo desses quarenta anos, temos um caso para contar. Temos uma história. Que mistura raiva, alegria, decepção, lágrimas, e muitas, muitas risadas. Que entre a tristeza de se saber comunicador, e a alegria de ser acolhido por uma multidão, tínhamos o equilíbrio da vida. Diniz enfim, há de encontrar no abraço do Pai, a paz desejada.

Antônio José Diniz e eu em sessão da Câmara Municipal.

 

Diniz abriu as portas da comunicação profissional para àqueles que nenhum outro ousaria. E aqui eu vou pegar o exemplo mais robusto. O radialista Alan Leite [hoje na Angiquinho FM] entendia tanto de jornalismo quanto eu de física quântica, e foi por mais de 4 anos um fenômeno, digam o que quiser. Ele foi âncora do programa mais ouvido [ ainda que fosse para criticá-lo] o Patrulha, que antes teve à frente nomes como Ozildo Alves e Júnior Padão, cuja qualidade dispensa apresentação. E Alan, com seu português criativo, impôs respeito à concorrência.

Diniz não continha-se: “Alan foi um risco. Bem ruinzinho no começo, mas depois deslanchou. Ele é bom, o nego”, dizia ele atribuindo-se à façanha.

Com a mesma facilidade com a qual Diniz abria uma porta, ele fechava. E a vida seguia. Se orgulhava de ter oportunizado o aprendizado a tantas carreiras, para ficar em alguns nomes: Vera Onilde, Bob Charles, Glauber Leal, Marcelo França, Tauir Wagner, Hélio Remígio e Shirley Lima.

O amor por Paulo Afonso, incondicional

Diniz ainda se aventurou na política, período que serviu para que ele perdesse muito dinheiro. Abandonou o pleito na primeira tentativa, mas continuou apoiando políticos que invariavelmente perderam eleições que disputaram. Por último, o então candidato a prefeito, Paulo de Deus, por quem tinha muita admiração e mágoa.

Dizia sempre que jamais voltaria a apoiar quem quer que fosse, mas blefava. Diniz mesmo combalido, nunca deixou de se interessar pelas coisas da cidade; ligava, queria saber sobre o tenente-coronel Carlos Humberto, sobre Luiz de Deus e como ia Mário Galinho?

O povo e Diniz, mais amor que raiva 

Eu que então temia o confronto com o povo, vendo a forma como ele lidava com a controvérsia, me impressionava. Diniz abria os microfones e aceitava, aquilo que, para a maioria, é inaceitável: permitia até xingamentos contra ele, e ria-se: “o povo é assim, eu faço rádio para o povo”, dizia todo santo dia quando entrava no ar.

Teimoso, teimoso, teimoso

Era comum olhar para Diniz e achar que a razão já havia sido obscurecida pela idade. Mas, qual razão? Diniz jovem era assim. Nós aprendemos conviver, com entrevero, é verdade, com sua personalidade única.

Tanto foi assim que nesta tarde, estávamos lá, as anedotas se espalhavam, enquanto se ia consolando a família, triste.

Diniz sai de cena e com ele uma geração, aquela que munida apenas com um microfone, leva a sentimentos sublimes, e outros nem tão nobres assim.

“A verdade tem voz”

 

Adeus!

 

 

Um comentário

  • Realmente, Homem impa, como ele creio que já mais veremos, Adeus querido Diniz

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