PAULO AFONO – No café da manhã servido hoje na Câmara Municipal, de forma despretensiosa, apenas para não passar em branco. Me deparei com uma senhora que, quando eu tomara o microfone para dizer que a situação da mulher exige mais da Câmara do que as doces palavras dos parlamentares, fez sinal que sim, com a cabeça, me dando apoio de onde eu menos esperava.
Ela estava a procura do vereador Marconi Daniel, espreitou pela porta, viu a movimentação e quando o falatório acabou, veio lanchar conosco.
Então, em meio a pessoas teoricamente entendidas da situação preocupante de violência contra a mulher em Paulo Afonso, que dispensa o palavrório e sugere arregaçar as mangas dando ao problema a dimensão de epidemia, é a agricultora do povoado Casa de Pedra que vem ao meu amparo, enquanto fui contestada por parte da plateia, diga-se: formada por mulheres.
Uma mulher como Maria, jamais será objeto de homenagens na Câmara, quando geralmente acontece, a “escolhida” é aquela que chegou lá. A mulher do povo, que representa a maioria, portanto, que leva sobre os ombros o peso do mundo excludente não existe para ser modelo representativo no Poder Legislativo.
“A vida para nós é muito difícil minha filha, e tudo o que você falou é verdade”, disse-me ela, na saída, enquanto comia os salgadinhos dispostos na mesa. Eu me dou por satisfeita nesse Dia Internacional da Mulher. Pois sou muito parecida com dona Maria. O mundo em que eu vivo, todos os dias me diz: “Não vai ser fácil, Ivone”.